Carreira

Talento Que Reluz

JORNAL O FLUMINENSE de 27 de Janeiro de 2019

Aos 60 anos e ainda cheio de inspirações, a vida e a obra do cantor e compositor niteroiense Marcos Sabino se misturam. Artista que ficou conhecido pelo público na flor da idade, ele agora conta sua trajetória da melhor maneira que sabe, em seu novo trabalho musical, o EP “Dia Simples”, que será lançado ainda esse ano, com a parcerias que prometem emocionar os fãs.

O EP vem depois de um hiato de mais de 10 anos sem lançar material inédito, quando o músico se dedicou a produções para grandes gravadoras em seu estúdio, que fica no bairro de Piratininga, em Niterói, e até presidiu a Fundação de Artes da cidade. 

“Estou terminando a produção. Serão sete músicas, sendo seis inéditas. Convidei dois grandes amigos para participar desse momento: o Byafra e o Dalto. Com Byafra fizemos uma música chamada ‘No tempo que a gente podia namorar no portão’ e com o Dalto gravei ‘Sabor das Marés’, de nossa autoria e que foi gravada pela Eliana Printes. É um trabalho completamente autobiográfico. Canções que falam de minha trajetória, como ‘Dia Simples’, que vai dar nome ao EP, ‘A lua e o mar’ e ‘Nós’, música de um jovem compositor niteroiense chamado João Muniz, que toca comigo e é amigo do meu filho Felipe”, adianta Sabino. 

Marcos Sabino surgiu na MPB em 1982, quando lançou a música “Reluz”, que vendeu mais de 1 milhão de cópias e foi regravada em francês, espanhol e até em grego.

“Acho que fiz muitas coisas legais. Tive o privilégio de fazer sucesso numa das melhores épocas da música brasileira: os anos 80. Conheci muitos lugares, pessoas e ídolos que nunca imaginei conhecer e conviver. Sou parceiro de grandes compositores, vendi muitos discos, tenho canções eternizadas na MPB e fãs que me acompanham. Cumpri a missão que Deus me entregou, de levar coisas boas através da música ao coração das pessoas. Pude também ajudar minha cidade e nossos artistas quando fui presidente da FAN. A vida tem sido muito bacana comigo. Agradeço todos os dias a Deus por isso”, explica.

Depois do estouro nacional, o trabalho continuou firme. O cantor emplacou cinco temas em novelas e trabalhou até como garoto-propaganda de uma grande marca de biscoitos. Teve músicas gravadas por Leandro e Leonardo, Fat Family, Fabio Junior e Harmonia do Samba e parcerias com nomes como Erasmo Carlos, Paulo Sérgio Valle, Paulo Massadas e Chico Roque. 

O novo trabalho terá ainda uma música dedicada à sua primeira e única neta, ‘Maria Clara’, também de João Muniz, e outra parceria de peso com mais um conterrâneo, o cantor e compositor Dalto, parceiro de Sabino em muitos sucessos que ficaram marcados principalmente na década de 80.

“É a plenitude e também a certeza de finitude. Minha neta, que vai fazer 1 ano, trouxe pra minha vida novos conceitos. Acho que isso acontece com todo mundo que chega aos 60. Temos muita vontade de viver mais intensamente, de aproveitar cada instante com as pessoas que amamos e trabalhar também. Não tenho vontade nenhuma de me aposentar. Quero viver tudo que puder e fazer muitas canções ainda”, declara Sabino.

Outra canção do projeto com Byafra, “No tempo que a gente podia namorar no portão”, aborda o tema do amor e da segurança de uma forma saudosista, relembrando os bons tempos de tranquilidade nas cidades grandes. 

“Nos anos 80 e 90, as gravadoras tinham como estratégia de mercado rivalizar alguns artistas, principalmente os que tinham um grande público feminino, e que era o nosso caso, mas somos da mesma cidade, vivemos as mesmas coisas, os mesmos amigos, as mesmas influências, fizemos muitas músicas juntos e, agora, estamos por meio dessa parceria concretizando e compartilhando tudo que somos e vivemos. É um grande prazer e orgulho dividir as canções com ele. Temos muito respeito e admiração um pelo outro”, lembra Marcos.

O mundo mudou, mas o sentimento das pessoas permanece o mesmo. Segundo Byafra, emoções como a paixão, a indignação e a saudade permanecem. E a música gravada com Sabino, segundo ele, fala sobre isso.

“A carreira do Sabino nasceu de um show onde conseguimos juntar a maioria dos artistas de Niterói com artistas que estavam começando. Tivemos o auxilio luxuoso de Fernando Mansur da Radio Cidade e também uma ampla cobertura de ‘O FLUMINENSE’, que sempre nos prestigiou. Uma nova geração estava se formando: A geração 80. Eu, como o Sabino, somos frutos de Niterói”, conclui Byafra. 

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